Esta entrevista com um delegado de polícia de Goiânia, foi realizada pelo Jornal Opção, aqui da cidade de Goiânia, dias atrás: Ele prefere falar em off, porque receia punição da cúpula da segurança pública. “Mas sei que, ao examinar minhas palavras, vão descobrir quem sou”, afirma.
- O sr. acredita que a Polícia Civil vai descobrir quem matou o radialista Valério Luiz?
Acredito que sim. Por quê? Porque os fatos parecem óbvios demais. Há uma conexão, que me parece evidente, entre dirigentes do Atlético e policiais militares. Não participo das investigações, mas percebo, de longe e pelos comentários dos colegas, que a relação foi estabelecida pela delegada Adriana Ribeiro. Ela parece plena consciência do que está investigando e, principalmente, sabe que se trata de um vespeiro.
- Mas a polícia está mesmo no rumo certo?
Está. Os delegados que investigam o assassinato estão examinando a relação de dirigentes do Atlético — a partir das críticas de Valério Luiz aos seus dirigentes ou ex-dirigentes — e setores da Polícia Militar. Pelas informações de que disponho, e admito que não são muitas, avalio que o resultado crucial da investigação vai sair daí. Não há outro caminho. Os delegados parecem bem focados.
- O que significa o afastamento do tenente-coronel Urzêda de um cargo de proa da Polícia Militar?
Não se pode dizer, sem elementos comprobatórios, que o coronel Urzêda matou ou mandou matar Valério Luiz. Tampouco se pode dizer que agenciou o crime. Mas seu afastamento é sintomático. A cúpula da Segurança Pública deu um recado e não quer se comprometer com o militar. Por quê? Não sei. Mas a mensagem é mais ou menos a seguinte: “Se o oficial for acusado de alguma coisa, o Estado não pode ser responsabilizado, pois o afastou, até para permitir investigações mais autônomas”.
- Como o sr. avalia o criminoso que matou Valério Luiz?
É um homem absolutamente frio e preparado para matar. Ele matou o radialista, sem cometer erros crassos. Sobretudo, os tiros foram dados de modo a matar mesmo. O pistoleiro não estava ali para ferir. Ele queria matar, e matou. Não foi um crime perfeito, é claro, pois deixou pistas, mas o assassino fez o que planejou: matou e de maneira implacável. A tranquilidade do criminoso assusta. Porque, de algum modo, parecia não ter nenhuma preocupação em ser descoberto ou preso logo depois do crime. Parecia contar com a impunidade ou, então, proteção de alguém.
- O sr. acredita que, dada a serenidade, o assassino pode ser um policial?
Não necessariamente um policial. Mas o fato de que não temia ser preso, aparentemente, sinaliza com a possibilidade de que tenha sido um policial, civil ou militar.
Fonte: Jornal Opção (www.jornalopcao.com.br)
Comentários