Sem consentimento médico, quatro atletas ingeriram tranquilizantes no voo de Salvador para São Paulo e ficaram de fora contra o Bragantino
Rodrigo Grahl, Mendes, Ávine e Diego Corrêa apenas relataram ao departamento médico que tinham tomado medicamentos já no aquecimento, cerca de meia hora antes da partida, o que revoltou o técnico Márcio Araújo. Se fossem a campo, os atletas poderaim ser pegos no exame antidoping.
"O que a gente soube é que foi no aquecimento que o pessoal disse que tinha tomado algum medicamento. O departamento médico me chamou e disse que tinha que tirar os quatro jogadores", explicou o treinador do time nordestino, muito irritado com a situação.
"Em 33 anos de futebol eu nunca tinha vivido uma situação dessa, uma total irresponsabilidade de quem fez o ato", desabafou Márcio Araújo. O treinador, no entanto, não acredita que tenha havido algo planejado pelos atletas, como um possível protesto por terem de jogar já tendo garantido o acesso à elite.
"Acho que foi algo involuntário. Não creio que houve a maldade, dolo, mas houve sim a irresponsabilidade. E pior, nós soubemos no aquecimento. Quer dizer, fiz a palestra, montei o esquema tático e estávamos já aquecendo. E aí ficamos só com três jogadores no banco. Então, é um desrespeito ao Bahia e aos seus companheiros", encerrou Araújo.
ESPN
BRAGANTINO 2x0 BAHIA
O jogo - Muitos torcedores do Bahia viajaram empolgados para São Paulo - o clube promoveu uma verdadeira "invasão" ao Morumbi, com clima de micareta e até show de axé do cantor Ricardo Chaves. Os jogadores, ao contrário, estavam nervosos no avião. Mendes, Grahl, Diego Corrêa e Ávine ingeriram tranquilizantes durante o voo para a capital paulista e foram impedidos de atuar, evitando o risco de suspensão por doping.
O Bahia, então, entrou em campo ainda mais desfigurado - o técnico Márcio Araújo já tinha problemas porque alguns dos seus jogadores foram liberados para as férias e outros cumpriam suspensão automática ou estavam vetados pelo departamento médico. Ainda assim, a equipe foi recebida com festa por sua torcida, que não conseguiu evitar os vários espaços vazios nas arquibancadas, mas demonstrou animação digna de um clube da séria A.
Alguns torcedores, no entanto, demoraram a reconhecer o Bahia no gramado. Não estavam familiarizados com o terceiro uniforme do time: vermelho, em homenagem à colônia espanhola de Salvador. A vestimenta foi batizada de "Fúria Tricolor" pela diretoria. No Morumbi, os atletas não estavam nada enfurecidos. O jogo começou em ritmo lento, até porque o Bragantino também não tinha mais aspirações no campeonato.
A primeira oportunidade de gol foi criada pelo Bahia. Aos cinco minutos, Jael ajeitou a bola da entrada da área e chutou firme. Acertou a rede, mas pelo lado de fora. As finalizações de longa distância logo passaram a ser uma arma do Tricolor no confronto. Éverton tentou abrir o placar duas vezes dessa maneira e parou em boas defesas do goleiro Vitor.
Com o tempo, contudo, a partida ficou ainda mais sonolenta. Até a festa da torcida do Bahia se tornou contida: muitos tricolores se calaram e preferiram assistir ao jogo sentados. Só voltaram a se levantar aos 28 minutos, quando Jael fez grande jogada dentro da área, livrou-se de dois zagueiros e bateu no canto. A bola passou rente à trave.
Já o Bragantino melhorou no final da primeira etapa, quando o técnico Marcelo Veiga substituiu Silvio por Tiaguinho. A equipe de Bragança Paulista teve um gol anulado aos 45, por impedimento de Fabrício Carvalho. O goleiro ainda fez duas intervenções importantes nos acréscimos, em conclusões de Julio Cesar e Léo Jaime. Foi o suficiente para os tricolores vaiarem o Bahia no intervalo.
A situação piorou no segundo tempo. Logo aos seis minutos, Julio Cesar chutou forte de fora da área e a bola parou no travessão. Léo Jaime aproveitou o rebote para marcar o gol do Bragantino e fazer a alegria de menos de 50 torcedores posicionados no setor visitante no Morumbi. Em vantagem no marcador, o time paulista começou a incomodar Omar com mais frequência.
O Bahia tentou reagir, principalmente com tabelas entre Éverton e Jael, porém não mostrou disposição suficiente para empatar a partida. E ainda foi vazado novamente. Aos 29 minutos, Tiaguinho (que havia substituído Silvio) ficou livre de marcação dentro da área, em vacilo da defesa adversária, e passou para Fabrício Carvalho concluir para o gol.
Mas a torcida do Bahia perdoou os erros do time no jogo festivo. O goleiro Omar, por exemplo, foi bastante aplaudido no momento em que deixou o campo para a entrada de Fernando Wellington. Houve até gritos de "olé" durante uma troca de passes do Tricolor. E a maioria do público permaneceu nas arquibancadas depois da partida, para estender a micareta com a segunda parte do show de Ricardo Chaves.
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