Holanda: "Sorte tem sido essencial na seleção",disse Gullit


Único capitão holandês a ter tido a glória de erguer a taça de uma grande competição, Ruud Gullit é só elogios à nova versão da Laranja Mecânica, que nesta terça-feira medirá forças com o Uruguai pela semifinal da Copa do Mundo da FIFA 2010, na Cidade do Cabo. Campeão da Euro 1988 e um dos maiores jogadores da história da Holanda, ele apontou, no entanto, um elemento fatalista como verdadeiro diferencial da bem-sucedida campanha do país.

"Acho que jogamos bem, mas tivemos sorte nos momentos certos", apontou o melhor jogador do mundo de 1987. "O gol contra no jogo com a Dinamarca foi fortuito, o que fizemos contra o Japão foi mais ou menos, e é claro que o gol contra diante do Brasil (na verdade, ele foi concedido a Wesley Sneijder) nos ajudou a ganhar confiança. Temos jogado bem e tido um pouquinho de sorte, essa é a diferença."

Com a experiência de quem foi ídolo no Feyenoord, PSV, Milan e Chelsea, Gullit disse que a história do jogo contra os pentacampeões mundiais poderia ter sido muito diferente e que o grupo holandês merece todos os créditos pela notável vitória nas quartas de final. "Fiquei surpreso com o resultado da partida", admitiu. "No primeiro tempo, o Brasil jogou muito melhor que a Holanda. Se o Stekelenburg não tivesse espalmado aquele chute (de Kaká) para fora, eles teriam feito 2 a 0 e aí acho que a partida estaria liquidada."

"A Holanda voltou um pouco diferente (no segundo tempo), mas creio que o momento-chave foi o gol contra (sic), que foi um presente", prosseguiu. "Fiquei surpreso que os brasileiros tenham se perdido em campo. Perderam a confiança, perderam a cabeça. Tiramos proveito disso, fazendo o nosso jogo, e por isso vencemos."

Fiquei surpreso que os brasileiros tenham se perdido em campo. Perderam a confiança, perderam a cabeça. Tiramos proveito disso, fazendo o nosso jogo, e por isso vencemos.

Mas Gullit, que também treinou quatro clubes em três países e agora trabalha para a candidatura conjunta de Holanda e Bélgica a sede da Copa do Mundo da FIFA de 2018 ou 2022, disse que a atual oportunidade é enorme e deve ser aproveitada pela seleção de Bert van Marwijk. "Todos esperam a vitória, pois já estivemos duas vezes na final", recordou. "A diferença é que desta vez não vamos enfrentar os anfitriões, porque na Alemanha (1974) e na Argentina (1978), tivemos de jogar contra os donos da casa. Esta é uma grande chance de chegarmos à decisão."

Gullit também não hesitou em elogiar os dois grandes artífices da campanha holandesa, a dinâmica dupla do meio-campo formada por Sneijder e Arjen Robben. "O Sneijder é o cérebro e o Robben tem sido um jogador fundamental", apontou. "É importante ter um jogador com a qualidade do Robben, porque ele atrai a marcação dos zagueiros. Eles não sabem o que fazer, têm de se desdobrar, e os outros jogadores podem tirar vantagem disso. Ele é muito rápido e ágil, por isso estamos contentes que esteja de volta. É claro que o Sneijder tem sido importantíssimo até agora, marcando gols e dando passes. Ele não é exatamente um goleador, está mais acostumado a colocar os outros jogadores na cara do gol. O Sneijder não é uma surpresa para mim, o que me surpreendeu foi a quantidade de vezes que balançou as redes."

Perguntado sobre outros nomes do Mundial que lhe chamaram a atenção, Gullit apostou no espanhol David Villa como artilheiro e no alemão Mesut Özil como revelação, além de ter defendido o futebol exibido por Fernando Torres, atacante da Fúria. O ex-jogador do penteado dread ainda disse que a competição é um sucesso dentro de campo. "As seleções que alcançaram as semifinais são as mais fortes atualmente. Espero que a Holanda chegue à final e que vejamos dois adversários que gostem de atacar dentro do seu próprio estilo.

"Felizmente, as seleções que praticaram o futebol mais ofensivo se classificaram. Futebol destrutivo não vai sobreviver, não vai ganhar. Estou orgulhoso de ver Espanha, Holanda, Uruguai e, é claro, Alemanha, porque a Alemanha surpreendeu pela maneira que tem jogado, enfim, todas as seleções ofensivas foram recompensadas. É isso que guardarei deste torneio."





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