Allianz Parque - a nova Arena do Palmeiras - será entregue no ano que vem
A guerra das cadeiras entre Palmeiras e WTorre ganhou um ingrediente
novo nesta semana. Embora o contrato não faça menção ao número de
cadeiras a serem exploradas por cada parte, a escritura de direito de
superfície obtida pela Folha dá margem à interpretação feita pelo clube
de que cabem apenas 10 mil lugares para a empreiteira.
No capítulo II da concessão da superfície, o texto afirma: "O projeto
prevê capacidade mínima para 40.000 torcedores sentados em lugares
numerados, com previsão mínima de 200 camarotes e 10.000 cadeiras
especiais."
O texto separa lugares numerados de cadeiras especiais.
Abaixo, no capítulo IV, sobre a exploração comercial da arena, o
documento diz que, como parte do pagamento, o clube terá participação
sobre as receitas pela exploração da arena pela WTorre. Ao detalhar
essas receitas, a escritura menciona receitas advindas de locação de
cadeiras e camarotes (veja a reprodução).
Na última segunda-feira, o presidente Paulo Nobre participou da reunião
do Conselho Deliberativo e detalhou os entraves na relação com a
construtora. Uma parte dos conselheiros fez a interpretação de que esses
dois textos juntos dão ao Palmeiras o direito de lutar para que a
construtora explore apenas as 10 mil cadeiras especiais.
"A WTorre sempre falou em 10 mil cadeiras. Qualquer pessoa que
acompanhou esse processo tem muito claro que esse era o acordo. Se não
fosse assim, o CD [Conselho Deliberativo] jamais aprovaria", afirma
Paulo Nobre.
A WTorre não concorda com essa avaliação: "O espírito do contrato nunca
foi esse", diz Walter Torre, dono da construtora. Ele salienta que há
outro artigo que dá á empreiteira a possibilidade de ampliar a
capacidade de 40 mil lugares e explorar todos esses novos lugares (veja a
imagem).
A previsão é que a nova arena tenha 45 mil assentos, cinco mil a mais do que a capacidade exigida em contrato.
Um dos pedidos do Palmeiras é a criação de um setor popular sem
cadeiras, no modelo alemão, onde a torcida assista às partidas em pé. A
escritura veda essa possibilidade, ao afirmar que o estádio deve atender
ao caderno da Fifa.
Walter Torre argumenta que o contrato prevê a parceria e a divisão das
receitas. Diz também que o Palmeiras tem média de público de 16 mil
pessoas e não há neste momento expectativa de vender todas as 45 mil
cadeiras para fazer 100% de ocupação em todos os jogos. "Se conseguirmos
isso, o Palmeiras vai ganhar muito mais. Mas não é o cenário atual."
Na semana passada, a WTorre entregou ao clube um plano de inclusão do
programa sócio-torcedor na compra das cadeiras. Nesse caso, o Palmeiras
ganharia 5% da venda dos assentos e mais o dinheiro do sócio-torcedor.
Além disso, toda a bilheteria dos jogos é do clube. Se a WTorre vendesse
as 45 mil cadeiras, o dono do lugar não pagaria ingresso, mas o
Palmeiras receberia o valor do ingresso de arquibancada por cada
assento, ocupado ou não.
Pelo preço atual (R$ 40), a WTorre daria R$ 1,8 milhão ao clube em cada
jogo. A maior renda do Palmeiras neste ano foi de R$ 1,32 milhão.
Fonte: Folha de São Paulo
Comentários